Comemorações do 25 de abril

25 de abril 2016 21

As celebrações do 25 de abril iniciaram-se com o hastear da bandeira, de manhã, no largo do município onde diversas personalidades e entidades marcaram presença.

De seguida, no Salão Nobre dos Paços do Concelho teve lugar à Sessão Solene Comemorativa dos 42 anos da Revolução dos Cravos, “…um dia significativo para memória, para relembrar e celebrar os valores do 25 de abril”, palavras do 2º secretário da Assembleia de Mêda, Óscar Sampaio que abriu a sessão.

Filipe Rebelo, em representação dos eleitos do PSD iniciou os discursos. Começou a sua intervenção com um agradecimento especial aos Ex-Combatentes do Ultramar. Relembradas as conquistas alcançadas com revolução, frisou a necessidade de não se deixar cair no esquecimento este dia tão importante para a história de Portugal para que as gerações pós 25 de abril de 1974, não se esqueçam dos esforços heroicos daqueles que lutaram para conquistar a liberdade. Lembrou ainda que se celebra neste ano os 40 anos do Poder Local, uma das grandes conquistas do 25 de abril, sendo importante homenagear todos os antigos presidentes de Câmara e da Assembleia Municipal do Município de Mêda.

Em representação dos eleitos do CDS, discursou o deputado municipal Hermínio Albino. A falta de importância com que muitas das pessoas nos dias de hoje dão aos valores e conquistas alcançadas desde então, pautou o inicio do discurso, onde mencionou também a falta de aproveitamento das mais valias da democracia para o desenvolvimento do país. A não distribuição da riqueza de uma forma justa e equilibrada por todos os setores da sociedade, levou à criação de assimetrias no desenvolvimento das regiões, contribuindo para a desertificação das zonas rurais e do interior do país. Frisou ainda a importância de cativar os jovens a permanecer no país, à existência de uma maior igualdade salarial, a um contínuo combate à corrupção e aos favores dos interesses económicos, a valorizar mais as populações do interior do país. Foi também abordada a questão dos direitos da parentalidade e maternidade no contexto laboral, onde algumas das medidas que estão a ser tomadas no dia de hoje, foram tomadas por outros países há bastante mais tempo.

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Cláudio Rebelo, em representação do PS, antes da sua intervenção dirigiu uma palavra especial ao Secretário Geral do Sindicato do Trabalhadores da Administração Pública e das Entidades com Fins Públicos, pela sua incansável luta pelos direitos dos trabalhadores da Função Pública, independentemente das “cores dos governos”. “Onde Estamos?” e “Para onde Vamos?” são questões que deverão estar sempre presentes na nossa mente, para que a luta dos direitos nunca acabe. A democracia é a base do desenvolvimento das sociedades. Graças a ela, combateu-se o analfabetismo promovendo o ensino, abriu-se o acesso público a diversos serviços de saúde, as condições socioeconómicas das famílias melhoraram consideravelmente, promoveu-se a tolerância religiosa e respeito pelo género, desenvolveram-se a agricultura e outros setores da economia, promoveu-se o mais importante de todos, o direito ao voto que permitiu dar “voz” a toda a população. Abril trouxe a liberdade individual e coletiva. Os partidos de hoje deverão amadurecer as suas formas de pensar e de atuar, deverão ser capazes de ouvir o cidadão comum, pois a democracia permitiu reclamar, exigir, sonhar, olhar de forma atenta para o exercício do Estado de Direito. Apesar de todas as conquistas alcançadas criticou a falta de emprego, a precariedade laboral, o desinvestimento na cultura e as desigualdades dos investimentos dos fundos comunitários nas regiões, sendo urgente promover a coesão territorial.

Findas a intervenções dos representantes dos partidos com assento na Assembleia Municipal, discursou o Prof. Anselmo Sousa, Presidente da Câmara Municipal. Depois de cumprimentar todos os presentes dirigiu um cumprimento especial a todos os ex-combatentes e ao Dr. José Abraão, Secretário Geral do SINTAP por ter aceite o convite em participar nesta cerimónia. Enalteceu os 42 anos da Revolução e os 40 anos da Constituição que viria a consagrar a igualdade de todos os cidadãos perante a lei, reconhecendo-lhes os direitos, liberdades e garantias fundamentais nomeadamente a liberdade expressão. Comemorar esta data é oportunidade de recuperar a memória e alguns dos momentos da nossa história mais recente. Abril representa a demonstração da capacidade de um povo unido para se libertar de forma coletiva de um poder que não correspondia aos seus anseios, implementando transformações de forma pacífica, participada e empreendedora. Abril promoveu o debate e a discussão do rumo a tomar, tendo o condão e a magia de alterar as estruturas económicas, sociais e culturais da sociedade portuguesa. Abrimos as fronteiras ao exterior e a sociedade passou a assistir e a participar na evolução da ciência, da tecnologia, acompanhando o ritmo da mudança, apresentando e discutindo ideias e projetos empreendedores. As primeiras eleições para as autarquias, a 12 de dezembro de 1976, constituíram um marco fundamental na construção do Poder Local democrático eleito pelo povo e que passaram a ser determinantes na execução de projetos pela sua proximidade e melhor conhecimento das realidades locais. Mencionou ainda a comemoração dos 30 anos da adesão de Portugal à CEE que se celebra este e que nos levaria ao processo de desenvolvimento cuja concretização só foi possível com a implementação dos valores de abril. É necessário o combate mais eficaz à corrupção em todos os domínios evocando a ética e os princípios morais como aliados fundamentais. É necessário uma maior progressividade de impostos e um combate mais eficaz à evasão fiscal e à economia paralela, uma maior harmonização fiscal entre os países membros da Comunidade Europeia de modo a evitar a deslocalização empresarial para os “paraísos fiscais”. É necessário discutir mais problemas e ideias em vez de pessoas e lugares e refletir que a democracia tem sido um processo de avanços e recuos. Os valores de abril deverão continuar a ser revindicados para que se evite o seu esquecimento ou sejam deturpados. Os investimentos no Interior e a descentralização de empresas também deverão ser reivindicados, sendo determinantes a partilha de recursos, de serviços e de projetos entre todos os intervenientes para que haja uma otimização e aproveitamento de todas as oportunidades que possam surgir. O nosso desígnio é combater a pobreza, as desigualdades sociais, o racismo, a xenofobia, o egoísmo e o individualismo, o de poder legar às novas gerações as condições indispensáveis à perpetuação da humanidade sem guerra e sem fome.

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A finalizar os discursos, usou da palavra o Dr. José Abraão, Secretário Geral do SINTAP que começou por agradecer o convite feito pela autarquia, onde frisou que foi com bastante agrado que viu uma “terra de trabalho” convidar um sindicalista e que isto quer dizer que temos que continuar a trabalhar na valorização do trabalho, no reconhecimento daquilo que é o seu resultado como instrumento fundamental de fundamental para o progresso. Ainda há muito a fazer no processo da democratização, ao nível das autarquias, juntas de freguesias, sindicatos e das pequenas associações porque só assim podemos ir reforçando todos aqueles fatores que nos unem em torno dos objetivos comuns para o nosso concelho, freguesia, vila ou cidade e para o nosso país. A devolução da confiança, da esperança aos portugueses que esteve afastada durante estes últimos anos. Essa confiança hoje é fundamental para que possamos manter a esperança no futuro e na devolução dos direitos retirados. Em democracia a resolução dos problemas não é apenas de sentido único pois existem alternativas e essas mesmas alternativas devem ser tidas em conta e respeitadas. Se aceitarmos os valores de abril que são os da democracia e os da liberdade teremos um futuro mais promissor que será mais inclusivo e que dará mais condições aos jovens para se estabelecerem no Interior. É fundamental a valorização do território e o fomento da coesão económico-social como desafios para aquilo que tem que ser por todos nós promovido que é o combate à interioridade. O país de hoje é um país desigual em vários campos e por isso torna-se necessário que todos nós possamos dar contributos para que haja igualdades de oportunidades, principalmente às regiões do Interior. A formação e a qualificação das pessoas, aliada à inovação deverão ser questões estratégicas para o desenvolvimento e valorização do território. A modernização do Estado e da Administração Pública torna-se urgente para responder aos desafios e exigências do amanhã. O progresso e o desenvolvimento e consequente coesão social só é possível com empresas fortes, sólidas havendo a necessidade de capitalização das empresas, aproveitando os fundos comunitários para a geração de mais emprego, de mais sustentabilidade e deste modo potencializar a internacionalização da nossa economia.

No final da Sessão Comemorativa, foi colocada uma coroa de flores juntos do Monumento dos Ex-Combatentes, como forma de homenagem a todos os que combateram no Ultramar.

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À noite, a Casa Municipal da Cultura acolheu um momento musical, onde vários jovens da terra se juntaram para tocar temas intimamente ligados à Revolução dos Cravos, assim como outros temas de intervenção mundialmente conhecidos. Para além da música, foram declamados vários poemas carregados de sentimentalismo e palavras de ordem que nos alertam a continua luta dos valores de abril. Para acabar estas comemorações, o Orfeão de Mêda, que se reativou recentemente após algumas décadas de inativação, deu o seu contributo especial para tornar este momento único.

 

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