Freguesia de Longroiva

RESENHA HISTÓRICA
São inúmeros os achados pré-históricos que atestam a presença humana neste território, tornando-se a Estátua-Estela de Longroiva, o principal testemunho da sua ocupação. Durante o período de ocupação Romana constituiu-se a povoação de “Langóbria” tendo sido romanizado o seu Castro primitivo. Os muçulmanos terão arrasado completamente a fortificação à exceção da Torre de Menagem do Castelo até à sua reconquista por Fernando Magno no Séc. XI. Em 1124 Dª Teresa outorgou-lhe o seu primeiro Foral, confirmado em 1220 do D. Afonso II. Em 1510 D. Manuel I concede-lhe novo Foral e o seu concelho foi extinto por Decreto de 6 de novembro de 1836, passando nessa data a integrar o concelho de Marialva até 1855 altura em que passou a integrar o concelho de Vila Nova de Foz Côa até 1872, passando nesse ano a integrar definitivamente o concelho da Mêda.

HERÁLDICA
Escudo de verde, pano de muralha torreado, a torre ameiada, tudo de prata e lavrado de negro, aberto e frestado de vermelho, movente dos flancos e de monte de negro em campanha; em chefe, escudete de prata carregado da cruz da Ordem do Templo, entre duas espadas abatidas de prata, realçadas de vermelho e empunhadas de ouro. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco, com a legenda a negro: «LONGROIVA».

FESTAS E ROMARIAS
8 de Setembro – Nossa Senhora do Torrão

Castelo
Pelourinho
Estátua Estela de Longroiva
Igreja de Matriz de Invocação a Santa Maria
Capela de Nossa Senhora do Torrão
Capela de São Sebastião
Capela de São Pedro
Fonte da Concelho
Fonte Nova
Antigo Edifício Termal
Solar dos Marqueses de Roriz
Sepulturas Escavadas na Rocha
Lagares Rupestres
Cruzeiros
Alminhas
Troços de Calçada Romana
Ponte Romana da Relva
Moinhos de Água
Sitio da Forca
Sítio da Faia

Notas Históricas
Na Quinta da Veiga, no território da freguesia de Longroiva, foi descoberta em Abril de 1964, pelo Sr. Arménio Tairum, um bloco de granito “com riscos” a que o Prof. Dr. Adriano Vasco Rodrigues, decifrou como sendo uma estátua-estela. O topónimo – Longroiva – como afirma o Dr. Jorge de Lima Saraiva, na sua obra “O Concelho da Mêda”, diz-nos que se trata de uma povoação de origem celta. Nesta freguesia foram encontrados vestígios da presença humana desde os tempos do megalitismo até ao período do império romano. Aqui estiveram os árabes, que arrazaram tudo, exceto a torre de menagem do castelo, até que D. Fernando Magno, no século XI, a veio reconquistar.
O Vale da Veiga de Longroiva, junto da ribeira dos Piscos, a uma altitude de 300 m, constitui – segundo o Prof. Dr. Adriano Vasco Rodrigues (in “Terras da Meda” – pág. 63), uma excelente zona de pasto. Esta planura ocupa o extenso “Graben” que ali se formou. Durante mais de dois milénios aquele espaço foi destinado essencialmente ao pastoreio, mantendo um extenso baldio junto da ribeira. A partir de meados do século XIX tornou-se uma zona rica de vinhedos e de olivais, após a arrematação ou a ocupação abusiva dos baldios por parte de alguns senhorinhos. Quase no extremo norte do vale mantém-se ainda um testemunho do aproveitamento agropecuário, que a Ordem de Cristo aqui fez, conservado no nome da “Quinta do Chão de Ordem”. Os núcleos populacionais, anexos de Longroiva, nascidos de antigas vilas agrícolas romanas, ou de herdades medievais sob a proteção dos Templários, são as Quintãs, a Quinta da Relva, a Quinta da Cornalheira e a dos Gamoais. A Quinta dos Areais teve remota origem na exploração das minas de chumbo, que se encontram nas imediações e eram já conhecidas na antiguidade, devendo-se aos romanos o seu maior aproveitamento.
Em 1145, 21 anos depois da data em que D. Teresa outorgou o 1º foral de Longroiva, esta povoação era doada aos Templários por D.Fernão Mendes de Bragança, rico-homem, conde e cunhado de D. Afonso Henriques. Foi donatário o templário D. Hugo de Martónio.
A situação de Longroiva tinha então, nas contingências da Reconquista – diz-nos o aludido historiador Doutor Adriano Vasco Rodrigues – uma excelente posição estratégica. Durante um período transitório, devido ao avanço da Reconquista de Norte para Sul, teve Longroiva uma grande importância militar e foi uma base principal para os cavaleiros da Ordem do Templo. As vicissitudes por que passou a Ordem dos Templários levaram a que, no reinado de D. Dinis, esta Ordem fosse extinta e os seus bens passassem, em Portugal, para a recém-criada Ordem de Cristo.
Foi na capela da Senhora do Torrão, originariamente um pequeno templo românico, que os Templários deixaram os testemunhos mais expressivos da sua passagem, designadamente a consagração da pequena capela em honra de Santa Maria, S. Nicolau Confessor e outros santos, o que se descobriu em 1977. Outros vestígios se encontram ainda em Longroiva, como sejam uma tampa sepulcral com uma cruz de Cristo esculpida e uma espada, encontradas junto à capela, e uma outra cruz de Cristo no antigo Tribunal e Cadeia. Na fachada poente da torre de menagem do Castelo de Longroiva encontra-se também, atualmente, uma inscrição latina que, traduzida, diz o seguinte: “Na era de César de 1214 (ou seja no ano de 1176 da era de Cristo) Gualdim, chefe dos cavaleiros portugueses do Templo, edificou esta torre com os seus soldados, reinando Afonso, rei de Portugal.”
O Castelo de Longroiva está situado no ponto mais alto do antigo castro de Longóbriga. Hoje conserva um pedaço da cerca, que foi fechado no século XIX para servir de cemitério, e ainda restos da barbacã, que faz parte do reduto mais primitivo da fortaleza, anterior a 1176.
Para além do castelo, que sofreu beneficiação recente ao nível da iluminação e embelezamento, Longroiva possui um notável património cultural construído: o solar dos marqueses de Roriz, a capela da Senhora do Torrão, a Fonte da Concelha, a Fonte Nova, a Igreja Matriz de invocação a Santa Maria, a Estrada Romana (para Astorga e Calábria), a Ponte Romana, a forca, sepulturas antropomórficas, lagares rupestres e moinhos de água.
A Igreja Matriz, de origem românica, sofreu alterações várias ao longo do tempo, especialmente no século XVII. Os altares são de talha dourada, ao gosto da época barroca e os tetos da capela-mor contêm pinturas do mesmo século representando a Ceia; no corpo da Igreja, outras representam a Virgem e a Cruz da Comenda da Ordem de Cristo. O último restauro data de 1941, na sequência de um ciclone que provocou grandes prejuízos em toda a região. A Igreja possui valores artísticos de excecional valor, entre eles uma salva de cobre de Nuremberga, do século XVI, oferecida por D. Manuel I, e uma imagem de Cristo também do mesmo século. Tem uma torre sineira construída na década de 1950 com as pedras de uma outra que ruiu. A Igreja forma, com a capela da Senhora do torrão e o castelo, um conjunto inolvidável. Mais recentemente durante algumas intervenções interiores foram postas a descoberto algumas pinturas a fresco dignas de destaque.
Por alguma razão se dão louvores a esta ridente localidade quando se canta:

“ Há três coisas em Longroiva
que bem empregadas são:
são os sinos e as águas
e a Senhora do Torrão. “

Não se tem por definitivo que Longroiva tenha recebido dois forais, não obstante se afirmar que o primeiro, dado por D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, teria sido concedido em 1124 e confirmado em 1220 por D. Afonso II, e outro pelo braganção D. Fernão Mendes, na altura da doação aos templários. Certo, porém, é o foral “novo” dado a Longroiva por D. Manuel I, em 1 de junho de 1510, do qual foram feitos três exemplares, um dos quais se encontra atualmente arquivado na Câmara Municipal da Meda.
Quando se visita ou quando deixamos a bela povoação de Longroiva, harmoniosamente adoçada ao conjunto referido, ficamos com a sensação de estarmos a contemplar um dos mais bonitos presépios que algum artista poderia conceber. O casario branco alonga-se na encosta poente do monte, ao longo de pequenas ruas medievais, de forma compacta e que vão confluir no Largo da Praça onde se localiza a antiga Câmara e o pelourinho. Inolvidável. Aliás, Longroiva é uma povoação onde se vive dignamente, constituindo uma das jóias mais preciosas que adorna o concelho da Meda e de que este se pode orgulhar.

Bibliografia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Longroiva
http://www.heraldry-wiki.com/heraldrywiki/wiki/Longroiva
RODRIGUES, A. Vasco; Terras de Meda – Natureza, Cultura e Património; Edição Câmara Municipal de Meda; 2ª Edição; 2002.
SARAIVA, Jorge António de Lima; O Concelho de Meda, 1838-1999; Edição Câmara Municipal de Meda; 1999.