XXI Feira do Livro de Mêda

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Entre 22 e 26 de março realizou-se na Nave de Exposições do Mercado Municipal a Feira do Livro de Mêda, um evento cultural cuja organização é partilhada de alguns anos a esta parte pelo Município e Agrupamento de Escolas de Mêda.

Paulo Esteves, vice-presidente da Câmara Municipal e Edgard Pereira diretor do Agrupamento de Escolas, referiram-se de introito ao historial de um certame que vai já na sua XXI edição e à importância da leitura e do livro, enquanto objeto fundamental de informação e de conhecimento; sendo complementados os seus discursos de abertura com um momento musical com recurso a flautas, protagonizado pelos alunos de Educação Musical do 7º ano.

Seguiram-se sessões com o escritor Francisco Manso direcionadas ao Pré-escolar, 1º Ciclo e idosos do Lar da Santa Casa da Misericórdia de Mêda. Francisco Manso, autor de inúmeros artigos de investigação publicados em periódicos e possuidor de uma biblioteca particular muito valiosa que procura sempre que pode atualizar, vagueou com contornos de flexibilidade e de agilidade mental, por diferentes conceções literárias, desde a tipologia de bibliotecas e benefícios da leitura, passando pela lenda do Homem Macaco do Aveloso, até a modos de vida, usos e costumes relacionados com a história da gastronomia, com o estatuto das profissões de barbeiro, cirurgião, médico; a evolução dos transportes, particularizando a história dos automóveis; o que podemos retirar de documentos como o código das posturas municipais; as condições de habitação ao longo dos tempos; o sistema de abastecimento de água e a salubridade pública, exemplificando com as fontes de mergulho, e, ainda, os enterros dentro das igrejas, no átrio, e, mais tarde, o surgir dos cemitérios…Em termos metodológicos procurou justificar e esclarecer que quem investiga tem de se abstrair e procurar a visão à luz da época, enveredando como que numa viagem pelo tempo, recuando ao passado e ao tempo que se pretende analisar.

Sexta, 23 de março, durante a tarde alunos do Clube de Teatro da Escola de Mêda, dramatizaram ”O Bojador/ um Auto” e declamaram alguns poemas de autores como o poeta chileno Pablo Neruda. É de salientar, a qualidade evidenciada, traduzida nas expressões corporais, no gesto, na entoação e emoção com que veiculavam os diálogos e a ênfase que punham nas palavras.

Sábado, 24 de março, realizou-se mais um encontro do Clube de Leitura, desta vez para analisar o livro de Skarmeta “O Carteiro de Pablo Neruda”, um livro maravilhoso em que a função da poesia é bem vincada, sem dúvida, uma mais valia e um precioso auxiliar em momentos de angústia, ou de suporte passional…À noite o público da Feira do Livro pode assistir a fados de Coimbra na voz sublime de António Ataíde e, também, do nosso João Lourenço que confirmou mais uma vez a sua valência, predisposição, a garra e o carisma que incute, num género musical que não é fácil de exercitar.

No penúltimo dia de Feira decorreu um intercâmbio entre os poetas de Mêda e de Pinhel, um belo momento de convívio a pretexto da poesia. Foram declamados poemas de conteúdos diversos, e ficou demonstrado, se dúvida houvesse, que as palavras neste género têm um peso acrescido, têm indubitavelmente maior substância. Pela poesia poderemos enveredar por caminhos que nos transcendem e que vão para lá das próprias limitações da nossa razão. Cumpre-nos destacar a presença do nosso conterrâneo Manuel Daniel, que apesar dos seus condicionalismos físicos não quis deixar de estar presente, presenteando-nos mais uma vez com a riqueza da sua poesia, sempre apologética da Mêda e dos medenses. O programa de dinamização paralelo à venda dos livros, haveria de culminar com a apresentação da obra literária de Francisco Ceia e interpretação de algumas canções do seu repertório musical, ele que fez carreira no teatro e que é também um musicólogo de créditos firmados, tendo produzido a música da série televisiva infantil, Tom Sawer, e participado no Festival da Canção.

Estão de parabéns o Município e o Agrupamento de Escolas, que mediante a abnegação e dedicação extrema dos recursos humanos adstritos às suas Bibliotecas, Municipal e Escolar, pode concretizar mais uma Feira do Livro, sempre em prole de uma sociedade mais justa, mais coesa e humanitária.

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