Freguesia de Ranhados

RESENHA HISTÓRICA

Ranhados apresenta vestígios de ocupação humana muito anteriores à nacionalidade. O Castro de São Jurge a par de outros bem conhecidos revelam o seu interesse pelo território durante a Idade do Ferro. O Rei D. Dinis concedeu-lhe Foral em 1286, tendo sido confirmado com Foral Novo em 29 de novembro de 1512 por D. Manuel I.

HERÁLDICA

Escudo de prata, dois ramos de oliveira de verde, frutados de negro, com os pés passados em aspa e atados de vermelho, entre duas palas diminutas, ondadas, de azul; em campanha, monte de verde. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco, com a legenda a negro: «RANHADOS».

FESTAS E ROMARIAS

4º Domingo de Agosto – Nossa Senhora do Campo

Castro de São Jurge

Pelourinho

Castelo

Câmara, Tribunal e Cadeia

Igreja Matriz de Invocação a São Martinho

Capela de Nossa Senhora do Campo

Capela de Santo António

Capela de Santo Amaro

Capela de Nossa Senhora de Guadalupe

Capela de São Tomé

Capela de Nossa Senhora das Mercês

Cruzeiros

Alminhas

Via Sacra

Lagares Rupestres

Fonte Nova

Solar dos Condes de Avillez

Solar dos Távoras

Notas Históricas

Os vestígios de ocupação humana que têm sido encontrados nesta localidade remontam ao período paleolítico. Escavações arqueológicas encontraram diversos machados polidos no gume e alguns utensílios de cultura dolménica. Num período posterior existiu um castro da Idade do Ferro nas Covinhas do Morro do Castelo. O castro de S. Jurge, em Ranhados, é dos mais extensos do concelho da Meda, situando-se a uma altitude superior a 800 metros. Foi mais tarde romanizado, como o provam alguns vestígios aí encontrados, entre eles uma moeda que foi classificada como sendo de Helena Augusta, esposa de Constâncio Cloro (no século III, A.C.). Outro castro ali existente é o do Castelo, a 838 metros, numa eminência rochosa, sobranceiro á atual povoação. Na Idade Média, Ranhados desempenhou um importante papel na defesa e no povoamento da região. O Rei D. Dinis concedeu-lhe foral em 1286. D. Manuel I confirmou-lho, com um foral novo, em 29 de novembro de 1512. Foi comenda da Ordem de Cristo.

Ranhados foi vila da Casa Real do Infantado. No Século XVIII, segundo descrição de D. Joaquim de Azevedo, fidalgo capelão da Casa Real e Abade de Cedovim, a freguesia estava situada em planície alta, alegre e fértil de pão. É notável o património artístico de Ranhados. É constituído essencialmente pela Igreja Matriz, pelourinho, fonte nova, castelo, solar dos Távoras, solar dos Condes de Avilez, antigo Tribunal e Cadeia, castro de S. Jurge, capelas de Nossa Senhora do Campo, Santo António, Santo Amaro, Nossa Senhora de Guadalupe e S. Tomé, e de Nossa Senhora das Mercês, cruzeiros e casas tradicionais, de tudo se destacando a Igreja Matriz, obra do sub-renascimento no dizer de historiador Gonçalves da Costa.

A Igreja Matriz tem por orago S. Martinho, Bispo de Tours (França), é de três naves e tem seis altares. O púlpito, colocado na nave central, é de pedra lavrada, com escadório em hélice, igualmente de pedra, obra do século XV, decorado com magníficos lavores dos quais sobressaem, nas quatro faces, medalhões com cabeças de homem, relevadas em fundo triangular e uma inscrição com caracteres góticos. Adoçada à frontaria ergue-se uma capela com alpendre assente em quatro colunas, duas das quais embebidas na cantaria, capela essa que, primitivamente, fez parte do templo. O pároco era do Padroado Real, com o título de reitor, tinha coadjutor e curas nas duas filiais do termo, Poço do Canto e Areola. Já nessa altura tinha as suas ruas calçadas. Havia feiras em Ranhados nos dias 3 de Maio e 11 de Novembro. Nas terras baixas, as suas produções eram azeite, pastagens, hortas, nabos de extrema grandeza e bondade, e nas terras altas castanha e vinho, sendo propícias para o gado e para a caça. Tinha então, no aro da freguesia, 234 fogos com 567 almas, no final do século XVIII.

A Vila de Ranhados foi do Marquês de Vila Real. Tinha um relógio feito pelo povo. O seu antigo concelho tinha várias propriedades rústicas e possuía três fornos arrendados. Com exceção das casas solarengas referidas, bem como as dos Olivas, de Joaquim Saraiva, de D. Maria dos Prazeres Lopes e de Miguel Costa, todas as mais eram modestas e constituídas por rés-do-chão e apenas possuíam uma sala onde dormia a família, uma cozinha e uma sala de trabalho.

Ranhados foi referência e em alguns casos foi o cenário das obras de dois escritores seus filhos: o Dr. Luís de Sequeira Oliva, que viveu nos finais do século XIX e publicou “Primeiros versos” (1862) e “Recordações Íntimas” (1912), e a Drª Maria da Luz Sobral, que foi reitora do Liceu Carolina Michaëlis, do Porto, na primeira metade do século XX e escreveu “Contos e Lendas da nossa terra” (1924), “Barquinhos de Papel”, “Florinhas de S. Francisco” (1927), “Os Tamanquinhos do Gregório” (1933), “Terras de Além” (1935), “As abelhas de oiro” (1942), “Amor da terra” (1946) e “Coração pequenino” (1947).

Ainda sobre Alcarva, fez parte do concelho de Penedono, que em 1855 foi incorporado no distrito de Viseu. Freguesia extinta e integrada na freguesia de Ranhados, tendo São João Evangelista como orago.

Bibliografia

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ranhados_(M%C3%AAda)

http://www.heraldry-wiki.com/heraldrywiki/wiki/Ranhados_(M%C3%AAda)

RODRIGUES, A. Vasco; Terras de Meda – Natureza, Cultura e Património; Edição Câmara Municipal de Meda; 2ª Edição; 2002.

SARAIVA, Amílcar Simão; “Coriscada – Memórias da minha Terra”, edição de autor – 1995.

SARAIVA, Jorge António de Lima; O Concelho de Meda, 1838-1999; Edição Câmara Municipal de Meda; 1999.